sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Para os alunos do 2° ano noturno na disciplina de história-prof. Eliane

ERA DOS DESCOBRIMENTOS Nos séculos XV e XVI, as várias mudanças que ocorreram na Europa Ocidental, encorajaram os europeus a explorar o mundo. Este período, que teve início por volta de 1450 e durou até o século XVII, é chamado de Era dos Grandes Descobrimentos. Vamos examinar os diversos fatores que levaram à Era dos Grandes Descobrimentos. 1. O desejo por riqueza e poder: O principal motivo que levou os europeus a fazerem longas viagens de exploração foi o desejo por riquezas. Os governantes de vários países europeus acreditavam que o comércio com a Ásia poderia torná-los ricos e poderosos e trazer prosperidade para suas nações. Os comerciantes sonhavam com as fortunas que poderiam ser ganhas com a venda de produtos orientais na Europa. Os bens de luxo como especiarias, açúcar e seda - raramente encontradas na Europa antes das Cruzadas - eram muito requisitados pelos europeus. Durante séculos, navegantes muçulmanos haviam dominado as rotas marítimas para a Ásia. Eles vendiam produtos asiáticos para comerciantes italianos que então os vendiam para o resto da Europa. Este sistema beneficiava apenas os navegantes muçulmanos e os comerciantes italianos. Outros europeus, principalmente os portugueses, esperavam encontrar uma nova rota marítima para o Oriente que lhes permitisse engajar-se no comércio direto com os países asiáticos. 2. Interesses religiosos: Outra razão que levou às viagens européias de exploração foi o desejo de expandir o cristianismo mundo afora. Mesmo após o fim das Cruzadas, os cristãos europeus continuavam a temer e odiar os muçulmanos. Os espanhóis e portugueses acreditavam que tinham uma missão Divina de expulsar os muçulmanos de outras terras e converter os povos da Ásia e África ao cristianismo. 3. O espírito do Renascimento: O espírito do Renascimento incentivou a curiosidade e o desejo por aventuras e realizações pessoais. Muitos europeus haviam lido contos fascinantes, como as de Marco Polo, sobre viagens à Ásia. Este desejo por aventuras, fomentado durante o Renascimento, contribuiu para que ocorresse a Idade das Explorações. 4. Avanços tecnológicos: Aos avanços tecnológicos possibilitaram grandes explorações. Os europeus passaram a construir navios que não mais exigiam uma numerosa tripulação. Mapas mais precisos permitiam que os capitães das embarcações realizassem viagens marítimas mais extensas. Os navios europeus passaram a carregar armamentos mais poderosos e sofisticados para proteger suas tripulações. Instrumentos de navegação como à bússola, uma invenção chinesa levada à Europa, facilitou as grandes viagens exploratórias. As Explorações Portuguesas A primeira nação européia a patrocinar viagens de exploração foi Portugal, liderada, na época, pelo príncipe Henrique (1394-1460). Razões econômicas e religiosas levaram o príncipe português a enviar navios de exploração à costa Ocidental da África, buscando uma rota marítima para o Oriente. O príncipe Henrique gastou sua fortuna pessoal na construção de uma estação naval em Sagres, na extremidade a sudoeste de Portugal. Geógrafos, matemáticos, astrônomos e marinheiros experientes visitavam Sagres, levando informações ao príncipe Henrique sobre os mares e a costa africana que ajudariam os navegadores portugueses a viajar por águas desconhecidas. Apesar do príncipe Henrique nunca ter navegado, seus esforços, que proporcionaram o avanço da navegação, levaram os escritores ingleses a lhe atribuir o aposto de "Henrique, o Navegador”. Os portugueses estabeleceram duas instituições lucrativas na África Ocidental - entrepostos comerciais e plantações, que se tornaram as sólidas bases econômicas do império português. Os entrepostos comerciais, vigiados por guardas armados, serviam como pontos centrais para os comerciantes armazenarem o ouro para vender ou trocar por escravos africanos, marfim e outros produtos. Os soldados armados forçavam os governantes locais a garantir o monopólio comercial de Portugal. (Monopólio significa o controle exclusivo da produção de um bem ou fornecimento de um serviço). Os portugueses também estabeleceram plantações em áreas férteis da África Ocidental. Estas plantações eram grandes fazendas administradas por portugueses; nelas, escravos africanos trabalhavam na produção de safras para exportação. O sucesso das plantações portuguesas de açúcar na África Ocidental serviu de estímulo à adoção deste tipo de agricultura em outras colônias, ao redor do mundo. De fato, o sistema de plantações foi um fator determinante na trágica expansão do tráfico de escravos africanos. Apesar de Portugal ter enriquecido com os entrepostos comerciais e o sistema de plantações na África, os governantes portugueses ainda sonhavam em encontrar um caminho marítimo para a Índia. Marinheiros portugueses exploraram a costa da África Ocidental durante quase 70 anos. Finalmente, em 1488, um vendaval vindo do sul do Oceano Atlântico conduziu os navios do navegador Bartolomeu Dias para a extremidade sul do continente africano. Alguns dias depois, sua tripulação avistou terra novamente. Como o sol nascia à sua direita e não mais à esquerda, a tripulação de Bartolomeu Dias percebeu que estava navegando rumo ao norte, ao longo da costa leste da África. Dias apelidou a extremidade do continente africano de "Cabo das Tormentas". O rei português, todavia, ficou tão entusiasmado com a notícia que denominou a região de "Cabo da Boa Esperança”. A descoberta de Dias de uma rota marítima para o Oceano índico serviu de incentivo para futuras expedições portuguesas. Em 1497, o rei de Portugal enviou um navegador, chamado Vasco da Gama, em missão diplomática à Índia. A expedição de Vasco da Gama navegou ao redor do Cabo da Boa Esperança, viajando pelo litoral da África Oriental. O navegador logo avistou a rica cidade muçulmana de Moçambique. Um piloto árabe guiou a frota de Vasco da Gama através do Oceano índico para Calicute, na costa Oeste da Índia, onde sua tripulação desembarcou. A viagem de Vasco da Gama permitiu que Portugal dominasse o comércio europeu com a Índia. Os comerciantes portugueses na Índia adquiriram fortunas em especiarias e tinturas, que eram importadas e vendidas na Europa. Os governantes e comerciantes da Índia geralmente aprovavam os laços comerciais entre seu país e Portugal. Em outras épocas, contudo, os portugueses tinham que recorrer a ameaças de guerra para obter direitos comerciais na Índia. Os bens asiáticos eram muito desejados na Europa, mas o inverso não era verdadeiro: a Ásia não tinha interesse em bens e produtos europeus. Portanto, como a relação comercial não apresentava reciprocidade, os europeus tinham que pagar pelos produtos asiáticos com barras de ouro e prata. As Viagens de Cristóvão Colombo Os portugueses seguiam a rota marítima navegando em direção a leste, rumo à Ásia. Em 1484, um navegador italiano chamado Cristóvão Colombo propôs uma idéia ousada ao rei João II de Portugal - encontrar a rota que navegava em direção a oeste, em seu caminho à Ásia. Colombo não sabia do tamanho certo da Terra e achava que tal viagem cobriria 2.500 milhas e duraria apenas dois meses. Os conselheiros navais portugueses discordaram das estimativas de Colombo e calcularam corretamente que a distância para a Ásia, navegando a oeste, seria de aproximadamente 10.000 milhas. Afirmavam, também, que nenhum navio poderia carregar provisões suficientes para uma viagem tão longa. Portanto, confiando nas opiniões de seus conselheiros, o rei João II de Portugal rejeita a idéia de Colombo. Colombo não se dá por vencido e levou, então, sua proposta aos líderes espanhóis - o rei Fernando e a rainha Isabel. Apesar de inicialmente demonstrar ceticismo quanto ao plano de Colombo, Isabel concordou em patrocinar a viagem e lhe forneceu dinheiro e equipamentos para uma frota de três navios - Santa Maria, Pinta e Nina. Cristóvão Colombo partiu da Espanha em agosto de 1492, seguindo em direção oeste pelo Oceano Atlântico. Após algumas semanas, os membros de sua tripulação começaram a se preocupar: apesar do clima e ventos favoráveis, não tinham certeza de chegar ao destino e temiam jamais encontrar o caminho de volta à Europa. Colombo chegou a oferecer um prêmio para o marinheiro que primeiro avistasse terra. Na manhã de 12 de outubro de 1492 - um dia antes da data que Colombo marcara para ordenar a volta à Espanha, desistindo de seu intento - um membro da frota avistou areia branca brilhando a luz do luar. Alegremente, anuncia: "Tierra, tierra!” Cristóvão Colombo acreditou ter chegado às Índias, um grupo de ilhas no sudeste asiático. Ele não sabia que havia desembarcado numa ilha do Caribe. Quando avistou os nativos do local, chamou-os de "índios". Colombo acreditava ter sido incumbido da missão de disseminar o cristianismo ao redor do mundo e, por isso, chamou a ilha descoberta de São Salvador. Após visitar a ilha de Hispaniola (hoje, dois países independentes, Haiti e República Dominicana), Colombo navegou de volta à Espanha. Levou consigo alguns nativos para provar que chegara à Ásia. Encantada com o sucesso de sua viagem, a rainha Isabel intitulou Cristóvão Colombo de "Almirante do Mar Oceano”. Colombo retornou mais três vezes ao Caribe. Em sua segunda viagem, no ano de 1493, comandou uma esquadra com 17 navios de colonizadores à Hispaniola, lá fundando a primeira colônia européia das Américas. Cristóvão Colombo morreu em 1506, convencido de que havia descoberto o caminho ocidental para a Ásia. Outros europeus, porém, perceberam que Colombo não havia chegado à Ásia e sim descoberto terras novas. Eles chamaram as Ilhas do Caribe de "Índias Ocidentais”. É importante ressaltar que Colombo não foi o primeiro europeu a chegar às Américas. Aproximadamente 500 anos antes de sua descoberta, um viking, chamado Leif Eriksson, havia explorado um território na costa leste da América do Norte, ao qual denominou Vinlândia. As viagens de Colombo, contudo, ocorreram em uma época em que as nações européias estavam ávidas por explorações. Na verdade, queriam adquirir novas posses para ter o controle destas terras recém descobertas. A Divisão do Mundo Os governantes da Espanha informaram ao Papa Alexandre VI sobre o sucesso da primeira viagem realizada por Cristóvão Colombo. A Espanha esperava que o Papa apoiasse seu domínio sobre as terras recentemente descobertas. Para evitar uma grande disputa territorial entre Espanha e Portugal, o Papa estabeleceu uma linha imaginária de demarcação no Oceano Atlântico, assegurando a posse da Espanha sobre as terras "já descobertas e a serem descobertas" a oeste da Europa. Mas Portugal teria direito às terras do Ocidente que se localizavam a leste da linha demarcada. O rei João II de Portugal, insatisfeito com o tratado, ameaçou atacar a Espanha, declarando que os monarcas espanhóis haviam sido injustamente beneficiados por essa demarcação territorial. Em 1494, diplomatas de Portugal e Espanha reuniram-se em Tordesilhas, na Espanha. Concordaram em mudar a linha imaginária de demarcação mais para oeste. O Tratado de Tordesilhas, assim como estipulado pelo Papa, autorizava Espanha e Portugal a dividirem todo o mundo não-cristão entre os dois países. O tratado revisado deu a Portugal o território que é hoje o Brasil; a Espanha permaneceu com o restante das Américas. Outras Explorações Espanholas Outras expedições, financiadas pela Espanha, viajavam em direção oeste em busca de novas descobertas territoriais. Um navegador italiano, Américo Vespúcio, navegando pela bandeira espanhola e pela portuguesa, escreveu fascinantes e detalhados relatos sobre as suas viagens de exploração. Em 1507, um geógrafo alemão, com o propósito de homenagear Américo Vespúcio, nomeou o continente ao sul do Hemisfério Ocidental de "América" (o nome de Américo Vespúcio também em latim). Posteriormente, o continente ao norte também foi chamado de América - hoje em dia, a América do Norte. A colônia que Cristóvão Colombo havia estabelecido em Hispaniola se tornou a base para futuras expedições à região do Caribe. Em 1508, um explorador chamado Juan Ponce de León explorou a ilha de Porto Rico, fundando uma colônia, no local. Em seguida, viajou para o norte, em busca de uma lendária "fonte da juventude". Apesar de nunca tê-la encontrado, Ponce de León descobriu uma linda península, em pleno domingo de Páscoa do ano de 1513. Denominou a região de Flórida, que, em espanhol, significa "cheia de flores”. Vasco Nunes de Balboa, outro colonizador em Hispaniola, parte em busca de ouro na região. Fundou uma colônia na região onde hoje se situa o Panamá. Em 1513, Balboa atravessou o Istmo do Panamá - a estreita passagem de terra ligando a América Central à América do Sul - sendo, assim, o primeiro europeu a avistar o Oceano Pacífico. A Viagem de Fernão de Magalhães ao Redor do Mundo Em 1519, um navegador português chamado Fernão de Magalhães convenceu o rei de Espanha a financiar uma expedição para explorar a região do Oceano Pacífico. Esta viagem foi o mais audacioso empreendimento da Era das Explorações. Em setembro de 1519, Magalhães partiu da Espanha com cinco navios e uma tripulação de 265 pessoas. Após cruzar o Atlântico, sua frota navegou pelo sul, ao longo da costa da América do Sul. Com muita sorte e habilidade, a expedição de Magalhães sobreviveu às marés tumultuosas da área hoje denominada de Estreito de Magalhães. Decorrido mais de um mês de navegações arriscadas, os navios adentraram o "Grande Mar do Sul". Magalhães achou a área tão calma que a chamou de "Pacífico”. Porém, Magalhães e sua frota enfrentaram grandes dificuldades e tragédias ao atravessar o Pacífico. A tripulação passou fome e sede, e muitos foram acometidos de escorbuto - uma grave inchação das gengivas causada pela falta de vitamina C. Alguns dos tripulantes morreram de fome, sede e doenças. Apesar de muitos marinheiros terem morrido, dois navios finalmente chegaram às Ilhas Filipinas, localizadas no sudeste da Ásia. Mas os exploradores se envolveram em guerra com os nativos e Fernão de Magalhães e alguns de seus homens foram mortos. Os sobreviventes liderados por Juan Sebastián Elcano, conseguiram retornar à Espanha. A tripulação de Fernão de Magalhães fora reduzida a um navio apenas e 18 homens exaustos e famintos. Mesmo assim, esses exploradores retornaram triunfantes à Europa, em 1522, consagrando-se como os primeiros a circundar o globo terrestre. Apesar de trágica, a histórica viagem de Fernão de Magalhães teve grande importância para as futuras explorações. Ela levou à descoberta de que o Oceano Pacífico separava a Ásia das Américas e que esta distância era muito maior do que se estimava, até então. A viagem de Magalhães também demonstrou que todos os oceanos são interligados. Estes novos conhecimentos tornaram possível aos europeus ocidentais navegarem por quase todo o planeta. COLONIZAÇÃO ESPANHOLA Os primeiros colonizadores espanhóis das Américas se estabeleceram nas ilhas do Caribe. Porém, incentivados pela busca por ouro e riquezas se dirigiram às terras continentais, onde encontraram os impérios asteca e inca. Um dos mais famosos conquistadores espanhóis foi Hernán Cortés. Liderando uma frota de 11 navios, ele viajou, no ano 1519, de Cuba ao Golfo do México, levando consigo um exército de 508 soldados, 2 padres e 16 cavalos. Notícias a respeito daqueles homens brancos e barbudos, montados em animais estranhos e carregados de armas que trovejavam, surpreenderam os astecas. O líder asteca, Montezuma, pensou que os europeus poderiam ser deuses ou enviados do deus Quetzalcoátl. Afinal, os sacerdotes astecas haviam previsto que Quetzacoátl retornaria ao império asteca naquele mesmo ano. Os guerreiros de Montezuma poderiam ter derrotado o pequeno exército de Cortés, mas o imperador asteca preferiu enviar presentes, feitos à base de ouro, aos conquistadores europeus, acreditando que os intrusos se dariam por satisfeitos e partiriam. No entanto, os presentes enviados despertaram o interesse dos espanhóis pela fonte do ouro do império. Cortés decidiu explorar o império asteca. Para evitar que seus poucos soldados voltassem a Cuba, ele ordenou que seus navios fossem afundados. O exército de Cortés viajou para a cidade de Tenochtitlán, onde permaneceu durante vários meses, como convidado de Montezuma. No entanto, alguns líderes astecas começam a suspeitar que os espanhóis tivessem a intenção de conquistar seu império. Em uma batalha definitiva, eles expulsaram os espanhóis da cidade asteca, matando e ferindo mais da metade do pequeno exército de Cortés. Apesar da derrota, Cortés adquiriu muitos aliados nativos. Malinche, uma nobre asteca que havia sido vendida como escrava ajudou Cortés a negociar com os líderes locais. Tendo aprendido a língua espanhola, ela agiu como intérprete e como informante; seu conhecimento e influência ajudaram Cortés a conquistar mais aliados entre os nativos. Cortés, a seguir, agregou seus homens aos aliados nativos e iniciou um cerco à cidade de Tenochtitlán. Os astecas resistiram, mas a maioria foi morta ou capturada. Muitos astecas também morreram de varíola - uma doença introduzida pela presença européia. Em 1521, após três anos de cerco à cidade, Tenochtitlán foi conquistada por Cortés. O ambicioso conquistador passava a controlar todo o México. A Conquista dos Incas O grandioso Império Inca localizava-se ao sul das terras astecas, nas montanhas do Peru. A conquista espanhola do povo inca foi mais rápida que a derrota dos astecas, mas não menos dramática. Francisco Pizarro teve a permissão do imperador espanhol, Carlos V, para tentar conquistar o litoral da América do Sul. Quando Pizarro chegou ao império dos incas, em 1532, foi recebido com cordialidade pelo líder inca, Atahualpa. Mas Francisco Pizarro, cruel e ganancioso, ordenou que o imperador fosse aprisionado e mantido como refém dos espanhóis. Na luta que se seguiu, os soldados incas, munidos de armas manuais como lanças, arcos e flechas, não tinham chance de vencer os cavaleiros e canhões espanhóis. Nem um único soldado espanhol morreu na batalha que, no entanto, custou a vida de centenas de incas. Pizarro prometeu libertar Atahualpa após o pagamento de um grande resgate - um recinto repleto de ouro. No entanto, mesmo após os incas terem pagado o resgate, Pizarro ordenou que Atahualpa fosse estrangulado. Um quinto do resgate foi enviado ao rei da Espanha; o restante foi dividido entre 150 conquistadores, que logo começaram a lutar entre si. O próprio Francisco Pizarro acabou sendo assassinado na incessante luta pelo poder sobre o Império Inca. Esta desordem durou até o ano 1551, quando o rei espanhol enviou um representante, com o título de Vice-rei, para governar o Peru. Império Espanhol nas Américas Tendo conquistado grandes extensões de território, os espanhóis agiram eficientemente para firmar um governo forte e centralizado nas Américas. Dividiram suas conquistas em províncias, e o rei nomeou um vice-rei para supervisionar as políticas de cada província. O governo espanhol acreditava que as colônias existiam unicamente para beneficiar a Espanha. O rei espanhol exigia um quinto de todo o ouro e prata extraídos nas Américas. A Espanha também controlava todo o comércio das colônias, incentivando a produção de matérias-primas que, posteriormente, eram exportadas para a Espanha, mas desestimulando o desenvolvimento da manufatura. Desta forma, os colonos eram obrigados a comprar bens manufaturados da Espanha. O governo espanhol recompensou os conquistadores com grandes extensões de terra. No entanto, os conquistadores afirmavam que o trabalho braçal não era digno deles e, portanto, obtiveram do governo espanhol encomiendas - o direito de exigir trabalho braçal e o pagamento de impostos pelos chamados de peões, que viviam em suas terras. Em troca, os colonizadores ofereciam aos nativos a segurança e o sustento de seus líderes religiosos. O sistema de encomiendas foi basicamente uma forma brutal e sistemática de escravidão. Milhares de nativos morreram durante o século XVI por causa das terríveis condições de trabalho impostas pelos colonizadores espanhóis. Seu sofrimento perturbava muitos missionários católicos que vinham às Américas. Um destes missionários foi Bartolomeu de Las Casas, que se tornou padre em Hispaniola. Ele iniciou uma campanha para proteger os nativos dos perversos e gananciosos colonizadores espanhóis. Os apelos de Bartolomeu de Las Casas resultaram em novas leis, impostas em 1542, que visavam proibir a escravização futura dos nativos. Apesar destas leis humanistas, ao final do século XVI, como parte dos esforços missionários da Contra Reforma, a Igreja Católica enviou vários de seus melhores freis espanhóis às Américas com a missão de converter os nativos ao cristianismo. COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA Assim como Espanha e Portugal, a Holanda e a Inglaterra também estavam interessadas em descobrir novas rotas marítimas para a Ásia. Exploradores holandeses e ingleses viajavam pelo Oceano Atlântico, tentando encontrar a Passagem Noroeste - uma passagem naval através da América do Norte para a Ásia. Em 1497, o rei inglês, Henrique VII, financiou a expedição de um navegador italiano, Giovanni Caboto, navegando a oeste para chegar às Américas. Caboto chegou à Terra Nova e explorou a sua costa. Aproximadamente 100 anos depois, Henry Hudson, um navegador inglês, realizou quatro expedições exploratórias à procura da Passagem Noroeste. Em 1609, representando comerciantes holandeses, ele navegou pelo rio Hudson e declarou a região possessão da Holanda. Nesta área, colonizadores holandeses estabeleceram a colônia de Nova Iorque, que foi originalmente chamada de Nova Amsterdã. As possessões holandesas no Hemisfério Ocidental também passaram a compreender algumas ilhas do Caribe, a colônia da Guiana Holandesa (hoje Suriname) e algumas áreas do Brasil. Os Impérios Mercantes Holandeses e Ingleses Em meados do século XVI, a Holanda havia caído sob domínio espanhol. Quando o povo da Holanda se rebelou contra seus governantes espanhóis, em 1568, os navios holandeses foram proibidos de aportar em terras espanholas ou portuguesas. Mas esta medida punitiva não intimidou os holandeses; eles decidiram dominar as rotas comerciais portuguesas e estabelecer laços comerciais com os portos na Índia e nas Índias Orientais. Em 1602, a Holanda fundou a Companhia Holandesa das Índias Orientais. Esta companhia de comércio exterior logo se tornou poderosa, apossando-se de quase todos os portos portugueses na Ásia. A Holanda se tornou o único país europeu autorizado pelo império japonês a manter relações comerciais com o Japão. Em meados do século XVII, os holandeses mantinham quase o monopólio do comércio externo asiático. Outra companhia holandesa de comércio exterior foi fundada em 1621: a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais. A companhia logo passou a controlar grande parte do tráfico de escravos e de outros produtos no Atlântico e Caribe. Diferentemente dos espanhóis e portugueses, os holandeses não tinham interesses religiosos em suas viagens de exploração. A Holanda não enviava missionários cristãos para suas colônias na América; seu único objetivo era o lucro no comércio exterior. Nas Américas, a Holanda foi uma potência colonizadora por curto período de tempo, apenas, ao contrário de seu controle sobre as ilhas nas Índias Orientais, que durou aproximadamente três séculos. A Companhia Holandesa das Índias Orientais estabeleceu um monopólio de pimenta e especiarias, e em seguida, de algodão, seda, chá e café. Assim como os holandeses, os ingleses dedicaram-se a desenvolver seu comércio e sua força marítima. Mas para obter sucesso no comércio exterior, os ingleses tinham que competir com comerciantes estrangeiros e enfrentar piratas de outros países. Osprivateers (corsários, ou seja, os piratas ingleses autorizados) - navios da iniciativa privada contratados pelo governo para atacar as frotas inimigas - foram usados pela Inglaterra para capturar navios espanhóis que continham tesouros e para bombardear portos na América do Sul. As Colônias Inglesas nas Américas Durante os séculos XVII e XVIII, colonizadores ingleses fundaram diversas colônias nas Américas: treze na costa leste do que hoje constitui os Estados Unidos, e outras no Canadá e nas ilhas do Caribe. Muitos colonizadores ingleses vieram às Américas para escapar de perseguições e conflitos religiosos, na Inglaterra. Almejavam viver em uma terra onde tivessem total liberdade de praticar sua religião. Os fundadores dos estados norte-americanos de Massachusetts e Connecticut, por exemplo, eram puritanos - protestantes que achavam que a Reforma da Igreja na Inglaterra não havia sido suficientemente revolucionária. O estado da Pensilvânia foi fundado por Quakers - outro grupo protestante que enfrentou discriminação na Inglaterra. O estado de Maryland foi fundado por católicos que fugiram da Reforma Protestante na Inglaterra. Outras colônias inglesas foram fundadas por pessoas que vieram à América por motivos econômicos. Em 1607, um grupo de aristocratas ingleses fundou uma colônia em Jamestown, no atual estado norte-americano da Virgínia. Estes colonos esperavam encontrar ouro e grandes tesouros na sua recém-fundada colônia, mas isto não ocorreu, e muitos deles, que não se preocuparam em estocar comida, morreram de fome durante seu primeiro inverno nas Américas. Os colonizadores seguintes perceberam que a grande riqueza que procuravam nas colônias norte-americanas era de fato o seu território, que era abundante e livre para ser apossado. Nas colônias inglesas da América, a maioria das pessoas vivia em pequenas fazendas. Nas colônias do sul, porém, a economia era dominada pelas grandes plantações. Para suprir o trabalho necessário nas lavouras de tabaco e arroz, os colonos do sul importaram milhares de escravos africanos. À medida que a população das colônias inglesas crescia e o solo se tornava menos fértil, devido ao excesso de uso, os colonizadores migravam para as fronteiras, onde construíam novas fazendas. Esta expansão demográfica frequentemente resultava na expulsão de indígenas de suas terras; como conseqüência, muitas batalhas ocorreram entre indígenas e colonizadores ingleses. Os Franceses na América do Norte Assim como os ingleses, os franceses buscaram adquirir territórios nas Américas. Em 1535, o explorador francês Jacques Cartier navegou até o rio São Lourenço e declarou aquela área - hoje a região oriental do Canadá - possessão francesa, sendo chamada de Nova França. Inicialmente, os líderes franceses não se entusiasmaram com a descoberta de Cartier, pois estavam concentrados em conflitos que a França enfrentava. Todavia, em 1608, Samuel de Champlain fundou Quebec, a primeira colônia francesa permanente da América do Norte. Considerado o "pai da Nova França", Champlain explorou a costa do atual estado norte-americano do Maine e estabeleceu novos assentamentos em Montreal e Nova Escócia. Champlain também viajou por grande parte do nordeste da América do Sul, tentando ampliar o comércio de peles de animais para sustentar a Nova França. Na segunda metade do século XVII, à medida que cresciam os interesses franceses na região, novas expedições foram organizadas. Louis Joliet, um caçador de peles, e o padre Jacques Marquette navegaram juntos pelos Grandes Lagos e ao longo dos rios Wisconsin e Mississippi, em 1672. Um nobre francês, René-Robert Cavelier La Salle, que havia imigrado para a Nova França para se tornar comerciante de peles, explorou o Rio Mississippi em 1682. Começando pelo norte do rio Ohio, ele seguiu todo o percurso em direção ao Golfo do México. La Salle declarou toda a região do Vale do Mississippi território francês, denominando a área de Louisiana, em homenagem ao rei francês Luís XIV. O comércio de peles era a principal fonte de renda dos colonos franceses. A agricultura e a pecuária na Nova França não prosperaram. O rei francês havia concedido grandes extensões de terra no vale do Rio São Lourenço aos lordes franceses, mas havia escassez de trabalhadores. O principal motivo da falta de mão de obra é que o governo francês não permitia o assentamento de protestantes na Nova França, temendo que o protestantismo fosse espalhado pelas colônias francesas. Somente camponeses católicos podiam emigrar para a Nova França, mas estes raramente tinham condições de construir suas próprias fazendas. Muitos franceses preferiram se estabelecer nas colônias francesas das Índias Ocidentais. As grandes plantações de açúcar nessas ilhas eram extremamente lucrativas. A colônia francesa de São Domingos, hoje o Haiti, chegou a ser considerada a mais rica possessão colonial do mundo. Conflitos Coloniais Inglaterra e França desejavam expandir suas posses territoriais na América do Norte. Entre 1689 e 1763, enquanto vários conflitos ocorriam na Europa, as colônias inglesas e francesas da América do Norte lutavam pelo controle do continente. A batalha final entre Inglaterra e França ocorreu no conflito entre a França e a Índia, iniciado em 1754. Os dois lados, cada qual com seus respectivos aliados nativos, guerrearam pelos territórios ao redor dos Grandes Lagos e do Rio São Lourenço. A Inglaterra saiu vitoriosa nas batalhas de Quebec, em 1759, e de Montreal, em 1760. A superioridade naval britânica foi fator decisivo para sua vitória nessa guerra. No Tratado de Paris de 1763, a França foi obrigada a se render aos ingleses. O tratado custou à França quase todas as suas possessões coloniais na América do Norte: as terras no Canadá passaram ao controle inglês e o território a oeste do Rio Mississippi passou para o domínio espanhol. No entanto, o tratado concedeu à França o direito de manter suas ricas colônias açucareiras no Caribe. Todavia, o poder da França nas Américas havia sido quebrado. REVOLUÇÃO INGLESA O Reino de Elizabete I Em 1558, subia ao trono inglês a última monarca Tudor, Elizabeth I, considerada uma das maiores lideranças européias de todos os tempos. Inteligente, segura de si e devotada a seu povo, Elizabeth I declarou, pouco antes de sua morte: "apesar de vocês terem tido, e provavelmente terão muitos príncipes mais sábios... nunca tiveram ou terão um governante que os ame como eu". O reinado de 45 anos de Elizabeth I foi um período marcado pela abundância de ouro na Inglaterra. Apesar dos desafios ao seu governo, a rainha conseguiu manter a paz em seu reinado. Ela respeitou tradições, nomeou excelentes conselheiros, e foi capaz de convencer o Parlamento a aprovar suas políticas. O espírito do Renascimento fez desta época um período de grande criatividade nas artes. Foi durante este período que William Shakespeare, provavelmente o maior dramaturgo de todos os tempos, escreveu suas extraordinárias peças. A Inglaterra tornou-se próspera e poderosa sob o governo de Elizabeth I. Os mercadores ingleses comercializavam ao redor do mundo, e a Inglaterra implantou seu primeiro posto comercial na Índia. Londres tornou-se um grande centro comercial. Ao aumentar o comércio externo, expandir a marinha inglesa e patrocinar grandes viagens de exploração, Elizabeth I estabeleceu os fundamentos de um império. O Fortalecimento do Protestantismo Durante o reinado de Elizabeth I, a Inglaterra apoiou os holandeses protestantes em sua bem-sucedida revolta contra a Espanha, e impressionou o mundo ao derrotar a invencível armada espanhola. Estes eventos mostraram que a Inglaterra estava se tornando um dos Estados protestantes mais importantes da Europa. Elizabeth I promoveu o protestantismo pelo país. Tolerante com católicos e puritanos, ela estabeleceu a Igreja Anglicana como a Igreja oficial do país. Contudo, vários grupos católicos desafiaram os direitos da rainha ao trono inglês, exigindo que a monarquia inglesa fosse liderada pela católica Maria, rainha da Escócia (Mary Stuart), prima de Elizabeth. Maria havia sido forçada a desistir do trono escocês em 1567, e refugiou-se na Inglaterra, onde foi mantida sob vigilância por quase vinte anos. Apoiada por agentes franceses e espanhóis, Maria continuou sendo a principal conspiradora contra o reinado de Elizabeth I. Contudo, os conselheiros da rainha inglesa convenceram-na de que Maria representava uma ameaça real ao trono inglês, o que levou Elizabeth I a, relutantemente, ordenar que Maria Stuart fosse decapitada, em 1587. O Parlamento e os Reis Stuart Elizabeth I não teve filhos, e foi sucedida, em 1603, pelo filho de Maria Stuart, Jaime I. Ele fracassou ao tentar obter o apoio dos políticos e do povo da Inglaterra. Jaime I exigiu o trono por direito divino e resistiu a qualquer imposição ou sugestão em seu reinado. Tal atitude chocou-se com o Parlamento, que estava determinado a desempenhar um papel maior no governo inglês. Jaime I não compartilhava da mesma tolerância religiosa de Elizabeth I em relação aos puritanos. Ele temia que os que não aceitavam a autoridade da Igreja Anglicana também não aceitassem sua autoridade. Recusou as exigências dos puritanos, que lutavam por reformas nas práticas da Igreja. No entanto, concordou com um pedido de uma nova tradução da Bíblia, conhecida como a Bíblia do rei Jaime, ainda muito utilizada nos dias de hoje. Quando Jaime morreu, em 1625, seu filho, Carlos I, assumiu o trono inglês. Logo aumentaram as tensões entre o novo monarca e o Parlamento; o conflito entre a monarquia e o poder legislativo inglês centralizou-se em dois temas - impostos e religião. Devido aos diversos gastos e guerras contra França e Espanha, tanto Jaime I, quanto Carlos I, constantemente se deparavam com falta de capital. Quando Carlos I pediu um aporte de capital, em 1628, o Parlamento inglês assinalou que só concederia a ajuda financeira se o rei assinasse a Petição dos Direitos. Assim como a Magna Carta, a Petição dos Direitos é um dos principais documentos de reivindicação da liberdade na Inglaterra. O referido documento limitou o poder do rei, incluindo as seguintes regras: 1. O monarca não poderia coletar impostos sem a permissão do Parlamento; 2. Cidadãos não poderiam ser forçados a fornecer bens e abrigo aos soldados; 3. A lei marcial não poderia ser imposta em tempos de paz; 4. Nenhuma pessoa poderia ser mantida na prisão a não ser que fosse condenada por um crime específico. Este é o princípio do habeas corpus. Apesar de Carlos I ter assinado a Petição dos Direitos, o rei continuou a criar impostos que o Parlamento considerava ilegais. Quando o Parlamento protestou, Carlos I o dissolveu. Durante os 11 anos seguintes, até 1640, o rei inglês governou sem o Parlamento, causando grande oposição no país. Os conflitos entre o monarca e o Parlamento foram exacerbados por suas políticas religiosas. Carlos I aprisionou e multou muitos puritanos ingleses, que continuaram a ganhar seguidores, especialmente entre a classe média urbana. Em 1637, Carlos I tentou forçar as igrejas escocesas a usar um livro de orações anglicano. Os escoceses calvinistas presbiterianos iniciaram, então, uma rebelião. Necessitando de dinheiro para lutar na Escócia, Carlos I foi forçado a reunir o Parlamento em abril de 1640. Para apoiar o rei na guerra contra os calvinistas escoceses, o Parlamento exigiu que o monarca aceitasse algumas condições. Carlos I se recusou e, três semanas depois, desfez o corpo legislativo novamente. Desesperado por dinheiro, o rei inglês solicitou novas eleições ao Parlamento, em novembro de 1640. O novo corpo legislativo permaneceu reunido até 1653. Como no passado, o órgão legislativo inglês tentava limitar o poder do monarca. O Parlamento estabeleceu leis que exigiam reuniões regulares e aboliu uma corte especial chamada de Star Chamber, onde oficiais reais mantinham julgamentos secretos. Novas leis também limitavam a liberdade do monarca de arrecadar fundos sem o consentimento do Parlamento. As leis implantadas pelo Parlamento marcaram o crescimento da noção de liberdade na Inglaterra. A Inglaterra sob o Governo de Cromwell Em junho de 1642, o Parlamento inglês tentou reduzir o controle do rei sobre o exército. Muitos puritanos membros do Parlamento pressionaram por reformas na Igreja inglesa. Carlos I rejeitou as propostas e ordenou que soldados prendessem os líderes do Parlamento. Ultrajado, o povo de Londres se revoltou, dando início a uma guerra civil. Os seguidores do rei, chamados de cavaleiros ou realistas, eram formados por anglicanos e católicos. A maioria dos membros da Câmara dos Lordes, composta por aristocratas, também apoiava o rei, juntamente com alguns membros da Câmara dos Comuns. O Parlamento contava com o apoio dos puritanos e outras pessoas da classe média, que condenavam a arrogância do rei e seus gastos. Os opositores de Carlos I eram conhecidos como os Round-Heads (Cabeças-Redondas), pois muitos puritanos cortavam seu cabelo curto, em vez de usar os longos cachos que eram moda na corte real. A batalha travada entre estes dois grupos ficou conhecida como a Guerra civil inglesa, composta por diversas guerras travadas na Inglaterra e no sul da Escócia, entre 1642 e 1651. Oliver Cromwell, general puritano, organizou as forças parlamentaristas. Após sofrerem seguidas derrotas nas primeiras batalhas para os realistas, os parlamentaristas, liderados por Cromwell, conquistaram vitórias importantes em 1644 e 1645, aprisionando o rei Carlos I. Apesar de o rei ter fugido para a Escócia e formado um exército, suas tropas foram novamente derrotadas em 1648. Cromwell utilizou-se de seu controle sobre o exército para tomar o poder dos puritanos moderados, que estavam dispostos a negociar a volta do rei Carlos I. Em 1648, Cromwell obrigou seus oponentes a deixarem o Parlamento. Os membros remanescentes aboliram a Câmara dos Lordes e levaram o rei a julgamento por traição. Carlos I foi decapitado em 1649, deixando a maioria da população chocada com a execução do monarca. Com o apoio do exército, Cromwell fundou um governo republicano conhecido como a República Inglesa. Contudo, ele foi incapaz de estabelecer um governo estável que contasse com o apoio do povo. Depois de seguidas disputas com o Parlamento, Cromwell aboliu uma nova constituição que havia sido escrita em 1653 e dissolveu o Parlamento. Tomando o título de "Lorde Protetor", ele governou com o apoio do exército até sua morte, em 1658. Cromwell trouxe ordem ao país, mas a um altíssimo custo. Seu exército massacrou uma revolta de católicos irlandeses que apoiavam a monarquia. Cromwell então forçou proprietários de terra católicos a cederem seus territórios para ingleses protestantes. Os irlandeses declararam que "a maldição de Cromwell" havia destruído suas terras. Apesar de seu tratamento selvagem em relação aos irlandeses católicos, Cromwell era tolerante com outras religiões. Prometeu proteção a todos os protestantes ingleses e reabriu as portas da Inglaterra para os judeus, que haviam sido banidos do país por quase quatro séculos. A Restauração O governo de Cromwell não foi popular entre o povo inglês, que não gostava do governo militar e almejava o retorno da monarquia. Em 1660, o Parlamento convidou Carlos II, filho do rei executado (Carlos I) para assumir o trono inglês. Seu reino (1660-1685) é chamado de período da Restauração. Popular entre seus súditos, Carlos II entrava em conflito com o Parlamento com freqüência. Tais conflitos eram ocasionados por problemas religiosos. A Inglaterra estava dividida entre católicos, anglicanos e outros protestantes. Carlos II exigia ampla tolerância religiosa, que o Parlamento não desejava conceder. O monarca inglês queria a garantia de que seu irmão, Jaime, um católico, herdasse o trono. Durante os últimos quatro anos de seu reinado, Carlos II, propositalmente, não convocou reuniões do Parlamento. A Revolução Gloriosa Jaime II tornou-se rei da Inglaterra em 1685. O novo monarca não possuía o carisma de seu irmão e suas políticas enfureceram muitas pessoas. Os ingleses o toleravam, pois acreditavam que a filha protestante de Jaime II, Maria, iria sucedê-lo. No entanto, a esposa católica de Jaime II deu à luz um filho; o povo passou a temer que a criança fosse católica e que, como rei, iria tentar restabelecer o catolicismo na Inglaterra. Consequentemente, em 1688, o Parlamento ofereceu a coroa à Maria e seu marido Guilherme. O povo inglês celebrou esta mudança de monarcas e posteriormente a intitulou de revolução Gloriosa. Jaime II fugiu para a Escócia, conquistando seguidores, que durante muitos anos tentaram, sem sucesso, reivindicar o trono inglês para membros da família Stuart. A Revolução Gloriosa foi um grande passo para o estabelecimento da supremacia do Parlamento sobre a monarquia inglesa. Em 1689, o Parlamento apresentou os novos governantes, Maria e Guilherme III (Guilherme de Orange), juntamente com a Declaração de Direitos (Bill of Rights). Esta continha as queixas do Parlamento contra Jaime II e estabelecia as regras que deveriam ser seguidas por futuros monarcas. As novas regras vincularam a Coroa inglesa ao apoio do Parlamento. Sem a aprovação do Parlamento, os monarcas não poderiam estabelecer ou cancelar leis, criar impostos ou convocar o exército em épocas de paz. O monarca estava proibido de interferir com a liberdade de expressão nas câmaras do Parlamento. A Declaração de Direitos também fortaleceu os direitos do indivíduo, tornando ilegais as multas excessivas e as punições cruéis por crimes cometidos. A Inglaterra ainda estava longe de ser uma nação democrática. Como os nobres continuavam a dominar o Parlamento, as novas limitações impostas à monarquia ajudaram mais aos ricos que à população em geral. Porém, ao reforçar os princípios do governo parlamentar e das liberdades individuais, a Declaração de Direitos trouxe uma maior liberdade a todo o povo inglês. Além disso, a Declaração de Direitos, assim como a Magna Carta e a Petição dos Direitos, serviram como exemplo para reformas em outros países.

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